sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ausência das cegonhas

Os factores que estão a influenciar a ausência das cegonhas dos ninhos que seguimos são indeterminadas. Contudo e apesar de especulativo, a menor quantidade de chuva que se tem verificado desde o início do Inverno pode estar a ter implicações na disponibilidade de alimento para a cegonha-branca, implicando a deslocação destas aves por maiores períodos de tempo ou para locais de alimentação mais distantes, não regressando aos ninhos. Sabe-se que, por exemplo, as populações de anfíbios e répteis, que constituem a dieta das cegonhas, são sensíveis e respondem fortemente à variação da precipitação e hidroperíodo (período de tempo e sazonalidade da presença de água).

Seguimento por telemetria de satélite

Relativamente à questão sobre o seguimento das nossas amigas aladas por GPS, informamos que esta opção não está a ser contemplada no projecto actual, mas continuamos a achar que é uma boa sugestão para o futuro. Os emissores de telemetria modernos permitem recolher dados sobre a localização da ave num determinado momento, a velocidade, altitude e direcção de voo e por vezes a temperatura, que são armazenados no emissor e posteriormente enviados via satélite. Mais informação sobre o seguimento de aves por telemetria de satélite pode ser consultada nas “Dicas dos Biólogos”.

Prejuízos causados pelas cegonhas II

Contudo, a destruição e degradação do habitat, especialmente a poluição das águas e a drenagem das zonas húmidas onde se alimentam; a intensificação agrícola e abandono de práticas tradicionais, que diminuem a disponibilidade alimentar; e a utilização abusiva de adubos, pesticidas e herbicidas, que provocam a contaminação dos recursos alimentares (que, a longo prazo, diminui a fertilidade das cegonhas), são algumas das ameaças à espécie provocadas pelo Homem. A associação da cegoha-branca ao Homem, quer pela utilização das infra-estruturas humanas quer pela procura de alimento em campos agrícolas e lixeiras, fomentou a sua popularidade e proporcionou-lhe um lugar na cultura popular, tendo assim um papel importante na conservação da natureza.

Prejuízos causados pelas cegonhas I

Boa tarde. Nos últimos dias foram colocadas várias questões. No que se refere aos prejuízos ambientais causados pela cegonha-branca, não se conhecem estudos nacionais ou internacionais sobre o impacto do seu aumento populacional nas populações das espécies das quais se alimentam, nomeadamente anfíbios (sapos e rãs) e répteis (cobras e lagartos). Relembra-se que a cegonha-branca enfrentou um elevado declínio entre 1970 e 1990 a nível europeu, o que justificou a sua inserção na Categoria SPEC 2 - “Species of European Conservation Concern”, cujos critérios estão relacionados com a concentração da população mundial da espécie na Europa e o estatuto de conservação desfavorável das populações europeias. Após este período de declínio, a população europeia iniciou um crescimento moderado, estando actualmente classificada com o estatuto de "Pouco Preocupante", tanto a nível nacional (Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal) como internacionalmente (IUCN).

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A rola-turca

Na cam2, podemos observar uma rola-turca (Streptopelia decaocto). É uma espécie associada a zonas influenciadas pela presença humana e abundante em território nacional, o que não se verificava a apenas 20 anos atrás.
A rola-turca tem vindo a expandir-se naturalmente por toda a Europa. A sua distribuição original restringia-se ao subcontinente indiano. Terá chegado a Portugal em 1974, onde foi detectada na área do Grande Porto. Desde essa data, a expansão da espécie tem sido rápida e contínua, estando actualmente bem distribuída pelo país. Para além das áreas urbanas, colonizou recentemente diversos sistemas agro-florestais, especialmente no Sul do país. Pensa-se que a expansão desta espécie resultou numa maior competição pelos recursos com outras espécies de aves, como a rola-brava (Streptopelia turtur). No Paquistão, a espécie é considerada uma praga pois tem efeitos negativos nas culturas agrícolas, uma vez que são aves granívoras que se alimentam de produtos agrícolas (sementes e grãos de cereais).

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

As garças-boieiras

Observámos à pouco na câmara 2, em associação a um pequeno grupo de cavalos, vários individíduos de uma espécie de aves da família das garças - as garças-boieiras (Bulbucus ibis). Ao contrário da maioria das outras garças, as garças-boieiras são mais facilmente encontradas em zonas terrestres perto de gado ovino, caprino ou equino alimentado-se de invertebrados do solo. São residentes todo o ano em Portugal continental e abundantes principalmente no Sul do País. Podem gerar alguma confusão de identificação com as garças-brancas-pequenas (Egretta garzetta), devido a semelhanças de plumagem e estatura, mas as garças-boieiras possuem o bico amarelo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mais sobre a reprodução das cegonhas...

A idade com que as cegonhas-brancas se reproduzem pela primeira vez é variável consoante o local da Europa, no entanto, na maioria dos casos isto não acontece antes dos 3 anos de idade. A título de exemplo, um estudo no Noroeste da Alemanha verificou que 13% dos indivíduos começa a nidificar aos 2-3 anos de idade enquanto a larga maioria, 87%, apenas inicia a actividade reprodutora aos 4-7 anos de vida. Apesar desta fase de maturação, geralmente as cegonhas sub-adultos iniciam a ocupação de ninhos e a formação de pares uma ou mais temporadas antes de ocorrer a primeira nidificação. Sobre os acontecimentos observados no ninho das Zacarias, sabe-se que em áreas com maiores densidades de cegonha, colónias por exemplo, a percentagem de juvenis criados com sucesso é menor que em áreas menos povoadas. Uma das causas é a maior frequência de disputas e querelas entre cegonhas vizinhas. A chegada tardia de sub-adultos não reprodutores que tentam ocupar lugar, mostrando forte predilecção por locais já ocupados, é um dos factores destas lutas. O que aconteceu no ninho das Zacarias este ano é provavelmente um destes casos.