quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A rola-turca

Na cam2, podemos observar uma rola-turca (Streptopelia decaocto). É uma espécie associada a zonas influenciadas pela presença humana e abundante em território nacional, o que não se verificava a apenas 20 anos atrás.
A rola-turca tem vindo a expandir-se naturalmente por toda a Europa. A sua distribuição original restringia-se ao subcontinente indiano. Terá chegado a Portugal em 1974, onde foi detectada na área do Grande Porto. Desde essa data, a expansão da espécie tem sido rápida e contínua, estando actualmente bem distribuída pelo país. Para além das áreas urbanas, colonizou recentemente diversos sistemas agro-florestais, especialmente no Sul do país. Pensa-se que a expansão desta espécie resultou numa maior competição pelos recursos com outras espécies de aves, como a rola-brava (Streptopelia turtur). No Paquistão, a espécie é considerada uma praga pois tem efeitos negativos nas culturas agrícolas, uma vez que são aves granívoras que se alimentam de produtos agrícolas (sementes e grãos de cereais).

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

As garças-boieiras

Observámos à pouco na câmara 2, em associação a um pequeno grupo de cavalos, vários individíduos de uma espécie de aves da família das garças - as garças-boieiras (Bulbucus ibis). Ao contrário da maioria das outras garças, as garças-boieiras são mais facilmente encontradas em zonas terrestres perto de gado ovino, caprino ou equino alimentado-se de invertebrados do solo. São residentes todo o ano em Portugal continental e abundantes principalmente no Sul do País. Podem gerar alguma confusão de identificação com as garças-brancas-pequenas (Egretta garzetta), devido a semelhanças de plumagem e estatura, mas as garças-boieiras possuem o bico amarelo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mais sobre a reprodução das cegonhas...

A idade com que as cegonhas-brancas se reproduzem pela primeira vez é variável consoante o local da Europa, no entanto, na maioria dos casos isto não acontece antes dos 3 anos de idade. A título de exemplo, um estudo no Noroeste da Alemanha verificou que 13% dos indivíduos começa a nidificar aos 2-3 anos de idade enquanto a larga maioria, 87%, apenas inicia a actividade reprodutora aos 4-7 anos de vida. Apesar desta fase de maturação, geralmente as cegonhas sub-adultos iniciam a ocupação de ninhos e a formação de pares uma ou mais temporadas antes de ocorrer a primeira nidificação. Sobre os acontecimentos observados no ninho das Zacarias, sabe-se que em áreas com maiores densidades de cegonha, colónias por exemplo, a percentagem de juvenis criados com sucesso é menor que em áreas menos povoadas. Uma das causas é a maior frequência de disputas e querelas entre cegonhas vizinhas. A chegada tardia de sub-adultos não reprodutores que tentam ocupar lugar, mostrando forte predilecção por locais já ocupados, é um dos factores destas lutas. O que aconteceu no ninho das Zacarias este ano é provavelmente um destes casos.

Resumo da reprodução 2011 - parte 3

Em Junho as crias iniciaram os primeiros voos, ainda com alguns percalços e algumas aterragens desastradas. No início os juvenis voltavam ao ninho para serem alimentados, mas com o avançar do tempo os voos tornam-se mais longos e no mês de Julho, tanto a presença da prole como a dos progenitores começa a ser cada vez menos frequente. Actualmente os ninhos são mais visitados durante a manhã e ao fim da tarde, o que também já se tinha verificado no ano de 2010. Começou a fase de recuperação de energia para os pais e de crescimento e maturação para os juvenis, porque no final do ano recomeçará a grande aventura da reprodução no condoninho da Renata!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Resumo da reprodução 2011 - parte 2

No início de Abril, nascem finalmente as pequenas crias, pondo à prova as capacidades parentais dos progenitores, que por vezes têm dificuldade em satisfazer os seus apetites vorazes. Os progenitores mais dedicados revezam-se várias vezes de modo a estar sempre um adulto presente no ninho, uma vez que nesta altura os ninhos ainda são alvo de “visitas” de outras cegonhas rivais. O aguardado nascimento das crias do mais recente casal do condoninho da Renata, os Aranguezes, só se verificou mais tarde, mas infelizmente dois dos quatro ovos iniciais não chegaram a eclodir.

Em Maio, verificámos o grande esforço empregue pelos pais para alimentar as suas crias cada vez mais exigentes. Com as crias a crescerem num bom ritmo os progenitores não têm “asas” a medir e as crias mais velhas começam a passar algumas temporadas sozinhas na sua ausência. Quando regressam trazem pequenos lagostins, peixes ou material já digerido que regurgitam para o chão do ninho ou directamente para os bicos das crias, após os incentivos ruidosos. Neste mês também começam os primeiros exercícios de asas, aumentando a sua frequência ao longo do tempo. Nos ninhos mais ocupados, o espaço começa a ser pouco, e a competição entre as crias por um lugar onde se possam exercitar começa a ser notório. Durante uns dias de elevada pluviosidade verificou-se a morte de uma cria do novo casal, deixando apenas um rebento nesse ninho. Este tipo de acontecimentos não é surpreendente, uma vez que a mortalidade de crias é de facto superior quando a época das chuvas coincide com os primeiros dias de vida.

Nesta altura aumentam também de intensidade os ataques a alguns ninhos com crias, levando a que dois juvenis caíssem do ninho das Zacarias e ao eventual desaparecimento de um dos progenitores desse mesmo ninho. Mais tarde, um novo ataque levou a que mais uma cria caísse deste ninho, mas uma vez que já possuía alguma capacidade de voo, sobreviveu sendo a partir daí alimentada no chão pelo adulto. Não há uma explicação definitiva para estes acontecimentos, mas uma possibilidade prende-se com a competição por locais de nidificação nesta área com elevada densidade de indivíduos. Não é inédita a observação de intrusas que expulsam os progenitores e deitam fora os ovos, para ocupar posteriormente o ninho. Este caso poderá ser semelhante, uma vez que os ataques foram continuados durante o tempo, tendo como intenção desalojar as crias, aproveitando o facto de os progenitores estarem pouco presentes.

Estes acontecimentos parecem-nos atrozes do ponto de visto humano, no entanto, a tecnologia, ao permitir-nos observar de perto e sem perturbação o comportamento de diferentes espécies, tem revelado que situações como estas não são inéditas e poderão mesmo ser mais frequentes do que poderemos imaginar. Na altura do sucedido, vários comentários falaram da necessidade de fazer algo para mudar o rumo dos acontecimentos. Mas deixamos aqui a pergunta se será ético interferir no normal desenrolar da vida na Natureza, quando não houve interferência humana e quando a espécie não apresenta problemas de conservação?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Resumo da reprodução 2011 - parte 1

No final do ano de 2010 e início de 2011 começámos a assistir à ocupação dos ninhos pelos casais já conhecidos. Com o regresso cada vez mais frequente das cegonhas aos ninhos, começaram também a registar-se as habituais disputas pela posse dos ninhos e pelos melhores materiais de construção, que com frequência são roubados a vizinhos. Apesar da azáfama da reconstrução e da defesa dos ninhos, os casais aumentam a frequência das cópulas. Assim se passaram os primeiros meses do ano. A novidade surgiu em Fevereiro quando um novo casal surgiu no condoninho da Renata – os Aranguezes! O casal iniciou de imediato a construção do ninho, intercalando sempre com várias sessões de cópulas.

Nos primeiros dias de Março, mais cedo que no ano anterior, começam a aparecer os primeiros ovos, esperados com tanta ansiedade! São vários os casais que iniciam as suas posturas no início deste mês e que depois se prolongam nos dias seguintes. O novo casal que se instalou em Fevereiro teve alguns percalços, com um ovo precoce seguido de uma postura normal, o que suscitou muitas expectativas relativamente ao seu desfecho.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Bio3 está de volta

Olá amigos das cegonhas,
A Bio3 está de volta para seguir mais uma jornada das nossas amigas, que agora começam a utilizar menos os ninhos, pois preparam-se para dispersar pelas redondezas ou efectuar mais uma migração para África.
Por enquanto, fazemos um apelo à vossa criatividade!
Ao longo dos próximos dias, vamos colocando partes de uma estória sobre cegonhas que corresponde, na realidade, a uma lenda japonesa muito antiga. A cada frase colocada, podem completar com a vossa imaginação, criando um novo desenrolar ou um novo fim. As únicas condições são: 1) o conto terá de ser sempre relacionado com as cegonhas e 2) terá de incluir 3 palavras dadas por nós. No final, teremos a lenda japonesa e várias estórias para difundir.
Vamos à aventura?

"Era uma vez um casal de idosos que moravam numa pequena casa. Num certo dia o velhote estava a passear e viu uma cegonha ferida por ter caído numa armadilha."
Palavras: casa, menina e ajuda

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Resumo 2010 – Parte 2

Para quem já anda por aqui há algum tempo e para quem por agora faz as primeiras visitas, fazemos o resumo do que se passou por cá na segunda metade de 2010 (a primeira parte pode ser consultada em ‘Dicas dos Biólogos’).

No mês de Julho os juvenis de cegonha-branca passaram a ausentar-se cada vez mais dos ninhos, devido aos seus intensos treinos de voo, só regressando ao lar para se alimentarem de regurgitações dos progenitores. Os progenitores, com a prole mais independente, também passaram cada vez menos tempo nos ninhos.

Em Agosto e Setembro os ninhos estiveram quase sempre vazios durante o dia, com as cegonhas talvez a procurarem sítios mais refrescantes. Só ao fim do dia algumas regressavam aos ninhos.

No décimo mês do ano, os juvenis estavam tão desenvolvidos que já não se distinguiam dos progenitores. Os ninhos eram visitados durante a noite e até ao início do dia por indivíduos que podiam ser os casais originais, os juvenis ou aves de passagem.

A partir de Novembro, alguns ninhos foram ocupados por casais e puderam ver-se algumas cópulas. Devido à semelhança entre indivíduos, não foi possível confirmar se se tratam dos mesmos casais. Contudo, sabemos que em geral a fidelidade das cegonhas ao ninho é elevada e isso pode ser determinante na reconstituição dos casais.

Lembramos que parte da população de cegonha-branca que ocorre em Portugal continental é migradora e parte é sedentária, passando cá o Inverno. O número de indivíduos que se sedentarizam em Portugal é maior de ano para ano, devido às alterações climáticas e à maior disponibilidade de alimento. Assim, as cegonhas que observamos a partir de Outubro são indivíduos sedentários que não migraram para o Norte de África!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Preparação para a época de reprodução

De facto é notória a aproximação da época de reprodução.
Alguns casais já estão formados e vão dedicando algum tempo a compor e defender o ninho e a copular, como é o caso dos ninhos Zacarias e Renata.
Outros ainda não encontraram par e não parecem preparar o ninho para a postura dos ovos, como é exemplo a cegonha do ninho Balantinha, sozinha num ninho cheio de ervas daninhas, apesar de bonito.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ninhadas 2010

O balanço de 2010 é muito positivo em termos reprodutivos.
Dos 12 ninhos seguidos na altura, 9 casais tiveram crias, o que corresponde a 75% dos ninhos observados (não contando com os Condomínios das Lezírias e Bela Vista).

Nasceram 3 a 4 crias por ninho. 3 crias nasceram nos ninhos Renata, Tobias, Malaquias , Pirilampa, Cuscas, Josefina e Xica.
Ninhadas de 4 nasceram nos ninhos Zacarias e Patuscas.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Resumo 2010 – Parte 1

Olá a todos. No ano de 2010 foi emocionante seguir a vida, os comportamentos e o desenvolvimento das cegonhas e neste novo ano não se espera menos! Dedicamos o resumo do que se passou em 2010 a todos vós que visitam o condoninho da Renata.

Em Março, altura a partir da qual seguimos mais de perto o dia-a-dia no Condoninho, grande parte do tempo foi dedicada à reconstrução dos ninhos, com a colocação de galhos e musgo no lar por ambos os elementos do casal. Foi também observado um grande número de cópulas que tenderam a decrescer ao longo do tempo. A meio do mês, presentes foram surgindo nos vários ninhos: os primeiros ovos! Os progenitores passaram a revezar-se na incubação dos ovos, rodando-os periodicamente para os aquecer uniformemente e ajeitando o ninho.

Em Abril, um dos acontecimentos mais excitantes do ano! O nascimento das primeiras crias. Pequenas, sem penugem e indefesas. Foi bonito ver os progenitores a multiplicarem-se em cuidados, ausentando-se à vez do ninho, para recolher alimento para os filhotes, sempre famintos. Foi muito interessante observar de perto a evolução da cor e da forma das penas, da cor e tamanho do bico, bem como a evolução dos seus comportamentos de higiene, alimentação e de destreza de movimentos. Alimentavam-se de regurgitados parcialmente digeridos que os progenitores despejavam para o chão do ninho e passaram a ter o cuidado de defecar para fora do ninho.

No quinto mês do ano, as crias já se alimentam directamente do bico dos progenitores, emitindo sons que incentivavam os progenitores a alimentá-las e competindo entre si pela melhor posição para obterem mais alimento.

Em Junho, os exercícios das asas intensificaram-se: as crias preparavam os músculos para voar e, à medida que foram ganhando confiança, passavam mais e mais tempo em treinos de voo. Foi com emoção que assistimos aos primeiros voos!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Sobre as aves que têm aparecido mortas

Olá a todos.
Respondendo ao Pedro (Lx) sobre o que tem acontecido com as aves (Suécia/EUA) que têm aparecido mortas, para nós, prognósticos, só no final. Mas é provável que o fogo-de-artifício cause vários impactos no ambiente e nas espécies. É necessária mais investigação nesta área.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Saudações 2011

Olá a todos.
Renovamos os votos de um Feliz ano de 2011, trazendo-vos um vídeo já deste novo ano (youtube.com/cegonhasnaweb).
A sequência de imagens regista o típico matraquear das cegonhas. Batem o bico repetidamente, curvando as asas e inclinando a cabeça para trás. Nesta situação, estavam a saudar-se mutuamente. Resultou num bonito ritual.