segunda-feira, 22 de agosto de 2011

As garças-boieiras

Observámos à pouco na câmara 2, em associação a um pequeno grupo de cavalos, vários individíduos de uma espécie de aves da família das garças - as garças-boieiras (Bulbucus ibis). Ao contrário da maioria das outras garças, as garças-boieiras são mais facilmente encontradas em zonas terrestres perto de gado ovino, caprino ou equino alimentado-se de invertebrados do solo. São residentes todo o ano em Portugal continental e abundantes principalmente no Sul do País. Podem gerar alguma confusão de identificação com as garças-brancas-pequenas (Egretta garzetta), devido a semelhanças de plumagem e estatura, mas as garças-boieiras possuem o bico amarelo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mais sobre a reprodução das cegonhas...

A idade com que as cegonhas-brancas se reproduzem pela primeira vez é variável consoante o local da Europa, no entanto, na maioria dos casos isto não acontece antes dos 3 anos de idade. A título de exemplo, um estudo no Noroeste da Alemanha verificou que 13% dos indivíduos começa a nidificar aos 2-3 anos de idade enquanto a larga maioria, 87%, apenas inicia a actividade reprodutora aos 4-7 anos de vida. Apesar desta fase de maturação, geralmente as cegonhas sub-adultos iniciam a ocupação de ninhos e a formação de pares uma ou mais temporadas antes de ocorrer a primeira nidificação. Sobre os acontecimentos observados no ninho das Zacarias, sabe-se que em áreas com maiores densidades de cegonha, colónias por exemplo, a percentagem de juvenis criados com sucesso é menor que em áreas menos povoadas. Uma das causas é a maior frequência de disputas e querelas entre cegonhas vizinhas. A chegada tardia de sub-adultos não reprodutores que tentam ocupar lugar, mostrando forte predilecção por locais já ocupados, é um dos factores destas lutas. O que aconteceu no ninho das Zacarias este ano é provavelmente um destes casos.

Resumo da reprodução 2011 - parte 3

Em Junho as crias iniciaram os primeiros voos, ainda com alguns percalços e algumas aterragens desastradas. No início os juvenis voltavam ao ninho para serem alimentados, mas com o avançar do tempo os voos tornam-se mais longos e no mês de Julho, tanto a presença da prole como a dos progenitores começa a ser cada vez menos frequente. Actualmente os ninhos são mais visitados durante a manhã e ao fim da tarde, o que também já se tinha verificado no ano de 2010. Começou a fase de recuperação de energia para os pais e de crescimento e maturação para os juvenis, porque no final do ano recomeçará a grande aventura da reprodução no condoninho da Renata!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Resumo da reprodução 2011 - parte 2

No início de Abril, nascem finalmente as pequenas crias, pondo à prova as capacidades parentais dos progenitores, que por vezes têm dificuldade em satisfazer os seus apetites vorazes. Os progenitores mais dedicados revezam-se várias vezes de modo a estar sempre um adulto presente no ninho, uma vez que nesta altura os ninhos ainda são alvo de “visitas” de outras cegonhas rivais. O aguardado nascimento das crias do mais recente casal do condoninho da Renata, os Aranguezes, só se verificou mais tarde, mas infelizmente dois dos quatro ovos iniciais não chegaram a eclodir.

Em Maio, verificámos o grande esforço empregue pelos pais para alimentar as suas crias cada vez mais exigentes. Com as crias a crescerem num bom ritmo os progenitores não têm “asas” a medir e as crias mais velhas começam a passar algumas temporadas sozinhas na sua ausência. Quando regressam trazem pequenos lagostins, peixes ou material já digerido que regurgitam para o chão do ninho ou directamente para os bicos das crias, após os incentivos ruidosos. Neste mês também começam os primeiros exercícios de asas, aumentando a sua frequência ao longo do tempo. Nos ninhos mais ocupados, o espaço começa a ser pouco, e a competição entre as crias por um lugar onde se possam exercitar começa a ser notório. Durante uns dias de elevada pluviosidade verificou-se a morte de uma cria do novo casal, deixando apenas um rebento nesse ninho. Este tipo de acontecimentos não é surpreendente, uma vez que a mortalidade de crias é de facto superior quando a época das chuvas coincide com os primeiros dias de vida.

Nesta altura aumentam também de intensidade os ataques a alguns ninhos com crias, levando a que dois juvenis caíssem do ninho das Zacarias e ao eventual desaparecimento de um dos progenitores desse mesmo ninho. Mais tarde, um novo ataque levou a que mais uma cria caísse deste ninho, mas uma vez que já possuía alguma capacidade de voo, sobreviveu sendo a partir daí alimentada no chão pelo adulto. Não há uma explicação definitiva para estes acontecimentos, mas uma possibilidade prende-se com a competição por locais de nidificação nesta área com elevada densidade de indivíduos. Não é inédita a observação de intrusas que expulsam os progenitores e deitam fora os ovos, para ocupar posteriormente o ninho. Este caso poderá ser semelhante, uma vez que os ataques foram continuados durante o tempo, tendo como intenção desalojar as crias, aproveitando o facto de os progenitores estarem pouco presentes.

Estes acontecimentos parecem-nos atrozes do ponto de visto humano, no entanto, a tecnologia, ao permitir-nos observar de perto e sem perturbação o comportamento de diferentes espécies, tem revelado que situações como estas não são inéditas e poderão mesmo ser mais frequentes do que poderemos imaginar. Na altura do sucedido, vários comentários falaram da necessidade de fazer algo para mudar o rumo dos acontecimentos. Mas deixamos aqui a pergunta se será ético interferir no normal desenrolar da vida na Natureza, quando não houve interferência humana e quando a espécie não apresenta problemas de conservação?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Resumo da reprodução 2011 - parte 1

No final do ano de 2010 e início de 2011 começámos a assistir à ocupação dos ninhos pelos casais já conhecidos. Com o regresso cada vez mais frequente das cegonhas aos ninhos, começaram também a registar-se as habituais disputas pela posse dos ninhos e pelos melhores materiais de construção, que com frequência são roubados a vizinhos. Apesar da azáfama da reconstrução e da defesa dos ninhos, os casais aumentam a frequência das cópulas. Assim se passaram os primeiros meses do ano. A novidade surgiu em Fevereiro quando um novo casal surgiu no condoninho da Renata – os Aranguezes! O casal iniciou de imediato a construção do ninho, intercalando sempre com várias sessões de cópulas.

Nos primeiros dias de Março, mais cedo que no ano anterior, começam a aparecer os primeiros ovos, esperados com tanta ansiedade! São vários os casais que iniciam as suas posturas no início deste mês e que depois se prolongam nos dias seguintes. O novo casal que se instalou em Fevereiro teve alguns percalços, com um ovo precoce seguido de uma postura normal, o que suscitou muitas expectativas relativamente ao seu desfecho.