quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Magnetorecepção

Ainda sobre o tema da magnetorecepção e aprofundando-o… Muitas aves parecem ter dois sentidos de magnetorecepção: um baseado em magnetite junto ao bico e outro baseado num processo bioquímico dependente da luz que ocorre nos seus olhos.

Foram feitas interessantes descobertas recentemente nesse campo! Foram encontradas moléculas magnetosensoriais – cryptochromes (criptocromas) – nos olhos de aves migradoras e foi detectada uma suposta mancha magneto-sensorial de magnetite no bico superior.

Há ainda uma vasta lista de questões por responder sobre este tema. Em ciência é assim, o conhecimento vai sendo construído passo a passo!

"Qual o fenómeno de orientação que a cegonha possui?"

A forma como as aves se orientam durante as migrações ainda não está totalmente compreendida.

De várias experiencias científicas realizadas, existem muitas evidências que apontam para a existência de um programa espacio-temporal inato em muitas espécies de aves migradoras, capaz de guiar os juvenis que nunca migraram para o local de invernada, sem a ajuda dos adultos.

As cegonhas-brancas inexperientes são capazes de usar a luz solar e detectar o campo magnético terrestre (magnetorecepção), usando-os como mapa de partida, sobre o qual navegam e a partir do qual criam o seu próprio mapa mental. É possível que usem também informação que herdaram geneticamente.

Contudo, factores ambientais também influem, visto que as rotas de migração são mais semelhantes entre grupos de indivíduos no mesmo ano, do que entre anos.
A teoria actual sugere que os indivíduos inexperientes partem das áreas de nidificação voando numa certa direcção ‘de compasso’ e que ao fim de algum tempo, alteram a direcção da rota se necessário.

Todavia, verifica-se que o estímulo de seguir coespecíficos domina sobre a orientação inata e que as cegonhas-brancas juvenis migram em grandes bandos com indivíduos adultos mais experientes. Assim, aquelas apenas raramente têm que usar os seus mecanismos de orientação inatos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Desafio - Altitude máxima de voo?: A Resposta

Num estudo realizado na região de Israel que usou detecção por radar, a altitude máxima medida foi de 3836m acima do nível do solo.
São quase 4 km de distância!

Factores que influenciam a fidelidade ao ninho

Estudos indicam que, em média, são os machos que chegam primeiro ao ninho no início da época de reprodução. No entanto, não existe informação de que
sejam os últimos a partir.

Parecem existir vários factores que influenciam a ocupação dos ninhos, sendo que a idade da ave parece ser o factor mais determinante para a fidelidade ao
ninho, a data de chegada ao ninho e o sucesso reprodutor.

Por outro lado, o sucesso reprodutor na estação anterior influencia a frequência de mudança de ninho na estação seguinte. Adicionalmente, a mudança de
ninho está também muitas vezes relacionada com mudança de parceiro e pares mais fiéis tendem a ter maior sucesso reprodutor.

Assim, de uma forma geral, os indivíduos mais velhos não mudam de ninho com regularidade, chegam primeiro aos locais de reprodução e têm maior sucesso
reprodutivo. Pelo que é mais provável que casais mais fiéis e mais velhos mantenham o mesmo ninho na estação seguinte.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desafio - Altitude máxima de voo?

Olá a todos.

Já aqui referimos que as cegonhas aproveitam as correntes térmicas ascendentes, para se elevarem em altitude e assim migrarem a maior velocidade.

Qual será a altitude máxima de voo detectada para a cegonha-branca?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Resposta sobre migração

Uma interessante pergunta do lms, que serve para falar um pouco mais sobre migrações! A Península Ibérica recebe dois tipos de migradores: os invernantes e os estivais reprodutores.
Os invernantes chegam geralmente do norte da Europa, procurando fugir aos rigorosos Invernos, dos locais onde se reproduzem. Encontram em Portugal e Espanha, clima menos severo e maior disponibilidade alimentar. Alguns exemplos de migradores invernantes no nosso país: a petinha-dos-prados (Anthus pratensis), que "invade" o nosso país aos milhares, e o abibe (Vanellus vanellus) muito comum no sul do nosso país a partir do Outono.
Os estivais reprodutores, tal como o nome indica, deslocam-se ao nosso país durante os meses mais quentes para nidificar. Estas espécies vêm na sua maioria de África subsariana. Nessas regiões existe um biodiversidade muito elevada, havendo consequentemente uma elevada competição por recursos. Assim sendo, a migração é uma estratégia evolutiva que certas espécies desenvolveram, deslocando-se para regiões onde há menor competição por recursos numa altura crítica como é a nidificação. Outros exemplos deste tipo de migradores, são o colorido abelharuco (Merops apiaster) ou a águia-cobreira (Circaetus gallicus).

Nos últimos 20 anos, temos vindo a assistir a um número cada vez mais elevado de cegonhas-brancas a invernar no nosso país. Algumas das que cá encontramos no Inverno, nidificam também em Portugal, sendo aparentemente residentes no país, outras chegam da Europa central e invernam na Península Ibérica. Temos vindo a assistir a uma mudança de estratégia evolutiva por parte de algumas populações de cegonhas-brancas, já que os perigos e dificuldades de uma migração de longa distância parecem não compensar. Porquê? A razão prende-se essencialmente com a maior disponiblidade alimentar verificada nos últimos 20 anos. Os aterros sanitários são uma fonte inesgotável de alimento explorado pelas cegonhas-brancas durante todo o ano. Outra das razões foi o aparecimento em grande escola de um novo recurso trófico no início da década de 80 do século passado: o lagostim-vermelho-do-louisiana (Procambarus clarkii), uma espécie exótica invasora, introduzida nas zonas húmidas da Península Ibérica.

Migração - Correntes térmicas

Continuando com o tema da migração: Existem estudos interessantes sobre os factores que condicionam a velocidade das cegonhas-brancas durante as suas longas viagens de migração. Um deles é a presença de correntes térmicas ascendentes, que existem em maior número e maior intensidade em África que na Europa. As cegonhas aproveitam-as para se elevadar a grandes altitudes, sendo as altitudes médias, durante a migração, superiores em África. Sendo uma ave planadora, atingir grandes altitudes possibilita migrar a maior velocidade, chegando a rondar os 45km por hora.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Resposta ao desafio sobre migração.

Respostas correctas! As cegonhas da Europa Ocidental, como as nossas, utilizam o estreito de Gibraltar para atravessar o mar Mediterrânico, dirigindo-se essencialmente para a África Subsariana ocidental. As cegonhas que nidificam na Europa central e de leste viajam por três continentes! Dirigem-se pela Turquia, atravessando o estreito do Bósforo, contornando o mar Mediterrânico até a Israel onde chegam finalmente a África. Aí prosseguem viagem em direcção ao Sudão e ao Chade, áreas de pré-invernada. Depois dispersam pelo continente africano, podendo mesmo chegar aos extremos da África do Sul.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Desafio - migrações

Esta semana vamos falar um pouco sobre migrações. Apesar de algumas das cegonhas-brancas já invernarem em Portugal, a maior parte da população viaja para África. Qual será o percurso que elas farão? E as cegonhas-brancas da europa central e de leste? Será que todas elas efectuam o mesmo percurso? O desafio está lançado!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Desafio - A Cegonha-Episcopal - A Resposta

Confirmamos as respostas.
A cegonha-branca é em média mais alta que a cegonha-episcopal cerca de 35cm, pois a cegonha-branca desenvolve-se até aos 120cm, enquanto a cegonha-episcopal atinge apenas os 85 cm, em média.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Desafio - A Cegonha-Episcopal

Hoje apresentamos mais uma cegonha do mundo: a cegonha-episcopal (Ciconia episcopus).
Será maior que a cegonha-branca?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Desafio - Cegonha-bico-de-sela: A Resposta

Confirmamos a resposta à pergunta de ontem. A cegonha-bico-de-sela tem uma alimentação semelhante à da cegonha-branca. Também é verdade que normalmente põe até 2 ovos, que são brancos.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cegonha-bico-de-sela

Já que falamos na Cegonha-bico-de-sela (Ephippiorhynchus senegalensis), já repararam no que tem em comum a alimentação desta espécie e a da cegonha-branca?

Vídeo

Relativamente ao vídeo do Lms, embora a qualidade não permita certeza absoluta, acreditamos tratar-se de um juvenil de Ephippiorhynchus senegalensis (Cegonha-bico-de-sela ou Jabiru de África).

Desafio - Cegonha de Storm: A Resposta

Óptimas respostas, Lms e Luisa Moreira; confirmamo-las.
De facto a cegonha de Storm (Ciconia stormi) está classificada como “Em Perigo” na lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN devido essencialmente à destruição do seu habitat natural.
Ocorre em baixas densidades populacionais, principalmente em locais em grandes manchas de floresta intacta, particularmente em florestas com turfeiras de água doce, nas planícies dos grandes rios.

Principais ameaças: perda e fragmentação das florestas onde habita (devido à sua substituição por plantações para extracção de óleo-de-palma), construção de infrastruturas, aumento da perturbação humana.

Distribuição: extremo sul da Tailândia, península da Malásia, Sumatra (Indonésia), ilha de Bornéu (Malásia/Indonésia).

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Desafio - Cegonha de Storm

Dentro da temática que abrimos esta semana – 'As Cegonhas do Mundo' - lançamos agora um desafio para o fim-de-semana.

A cegonha de Storm é uma espécie de cegonha em perigo.
Em comum com a cegonha-branca tem o facto de ter o bico e as patas da mesma cor e uma penugem essencialmente preta e branca.
Alguém sabe onde habita a cegonha de Storm (Ciconia stormi) e porque está em perigo?

Resumo

Esta semana os ninhos têm estado desocupados quase todo o tempo durante o dia.
No ninho Tobias, onde os nascimentos ocorreram mais tarde, o pouso é de quando em vez visitado por um juvenil.

Aspecto do Marabu

Olá a todos.
Relativamente ao vídeo do Lms, aparentemente não se trata de um Marabu (Leptoptilos crumeniferus).
O bico do Marabu tende a ser mais claro e robusto, a cabeça e pescoço são praticamente desprovidos de penas e o pescoço apresenta uma bolsa na sua base.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Os nomes comuns de Leptoptilos crumeniferus

Os nomes comuns mais frequentes de Leptoptilos crumeniferus são Marabu, Marabu africano, Cegonha Marabu, ou 'Marabou' em inglês.

Como já tivemos oportunidade de referir, os nomes comuns podem tornar-se bastante ambíguos. Algumas fontes portuguesas não científicas referem-se à espécie como Cangalheiro, contudo não é o nome comum português mais utilizado.

Resposta ao Desafio - Ciconiidae em Portugal

Olá a todos. A resposta ao desafio de ontem é: o Marabu.

Com o nome científico de Leptoptilos crumeniferus, o Marabu é uma espécie nativa de países africanos, normalmente sedentária ou localmente nómada.

Tem uma área de distribuição extremamente vasta, mas é uma raridade em Portugal.
A última observação que se conhece no país data de 2004 em Portimão, mas também já foi vista no Paúl do Boquilobo, na Barragem da Póvoa (Alpalhão) e no Estuário do Sado.

É uma ave com um aspecto bastante peculiar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Desafio - Ciconiidae em Portugal

Vamos a mais um desafio?
Para além da cegonha-branca e da cegonha-preta que ocorrem regularmente em Portugal também são vistos pontualmente indivíduos de outras espécies de cegonhas (Ciconiidae).
Alguém tem ideia de que outras espécies Ciconiidae já têm sido observadas por cá?

Quem foi Lineu?

Em resposta ao vosso pedido:
Linnaeus (Lineu em português) - nome por que ficou conhecido o importante botânico, zoólogo e físico sueco Carl von Linné – tornou-se célebre sobretudo pela criação do Systema Naturae (1735), um moderno sistema de nomeação, hierarquização e classificação em Reinos, Classes, Géneros e Espécies, que usou para ‘organizar’ os seres vivos e que ainda hoje é utilizado, apesar de ter sofrido alterações.
Na 10º edição desta sua obra estabeleceu as bases do actual sistema de nomenclatura binomial (géneros e espécies) - nome científico das espécies, do qual já tivemos oportunidade de falar. É, por isso, considerado o pai da Taxonomia moderna - ciência da classificação.

Quantas espécies de cegonha existem? - A Resposta

A Natureza surpreende: o nº de espécies actualmente aceite cientificamente está acima dos valores que foram apostados por vocês. De acordo com a iniciativa ‘Catalogue of Life’ (da Species 2000 e ITIS) estão catalogadas 30 espécies da família Ciconiidae (família das cegonhas)! Só do mesmo género da nossa Renata (Ciconia) são 7 espécies. Dentro da espécie de cegonha-branca incluem-se 2 subspécies (Ciconia ciconia boyciana e Ciconia ciconia ciconia). Em comum têm o facto de serem aves grandes, com longas pernas e pescoço e com um bico robusto e comprido, entre outras características.

Eis a actual lista de espécies de cegonhas:

Anastomus lamelligerus
Anastomus oscitans
Cathartes aura
- Cathartes aura aura
- Cathartes aura septentrionalis
- Cathartes aura teter
Cathartes burrovianus
Cathartes melambrotus
Ciconia abdimii
Ciconia boyciana
Ciconia ciconia
- Ciconia ciconia boyciana
- Ciconia ciconia ciconia
Ciconia episcopus
Ciconia maguari
Ciconia nigra
Ciconia stormi
Coragyps atratus
Ephippiorhynchus asiaticus
Ephippiorhynchus senegalensis
Gymnogyps californianus
Ibis cinereus
Ibis ibis
Ibis leucocephalus
Jabiru mycteria
Leptoptilos crumeniferus
Leptoptilos dubius
Leptoptilos javanicus
Mycteria americana
Mycteria cinerea
Mycteria ibis
Mycteria leucocephala
Sarcoramphus papa
Vultur gryphus
Xenorhynchus asiaticua

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Lançamento do tema "As cegonhas do mundo"

Num momento em que as jovens cegonhas alargam os horizontes e conhecem melhor o mundo que as rodeia, aproveitamos para alargar também o horizonte de debate apresentando-vos uma nova temática: “As cegonhas do mundo”.

Eis um primeiro desafio: alguém sabe quantas espécies de cegonha existem?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Tobias já voam

Os jovens Tobias já voam. Hoje estiveram ausentes do ninho por longos períodos. Estão agora numa nova etapa da sua vida. Treinarão o voo e aprenderão a procurar alimento com a ajuda dos progenitores, que nestes primeiros tempos as alimentarão nos locais de caça e no ninho, enquanto não se tornam independentes.