quinta-feira, 29 de julho de 2010

Resumo

A grande maioria dos ninhos permanece vazia durante o dia. Excepção para o ninho Tobias, onde duas crias exercitam as asas enquanto esperam pela chegada de alimento trazida pelos progenitores, que se ausentam por longos períodos de tempo. Pontualmente os ninhos Balantinha e Tretinhas são ocupados por umas horas por indivíduos solitários.

Excretar em ninhos alheios

As cegonhas demonstram algum cuidado em manter o ninho limpo e, desde cedo, aprendem algumas regras de higiene.
Por volta do 14º dia já se abeiram do limite do ninho e excretam para fora deste, imitando os progenitores. Assim é frequente ver consideráveis concentrações de dejectos na área imediatamente em redor do ninho.

Tal como observado pelo Luis (Cascais), já vimos cegonhas intrusas excretarem para o interior do ninho que estão a invadir enquanto, por exemplo, roubam alguns galhos (figuras abaixo).







terça-feira, 27 de julho de 2010

Marcas alares

Embora não seja a situação ideal e os investigadores devam estar de alerta para a possibilidade de efeitos comportamentais negativos, a colocação de marcas alares possibilita a realização de muitos estudos científicos para a conservação destas espécies.



As marcas alares são usadas quando é difícil observar as anilhas devido ao comportamento das aves. Permitem identificar os indivíduos a uma maior distância. Geralmente são úteis para identificar as aves em voo ou quando as aves pousadas "escondem" as anilhas com as penas das patas.

"Patas brancas"

Olá a todos. O material branco que por vezes se vê nas patas destas cegonhas resulta dos seus próprios excrementos, outrora fluidos.

Este comportamento já foi verificado para outras espécies da família Ciconiidae - à qual a cegonha-branca pertence – tais como o Marabu (Leptoptilos crumeniferus) e uma cegonha das Américas (Mycteria americana) que quando está calor, dirige os seus excrementos líquidos para as suas longas pernas.

Um estudo realizado com garças e gaivotas concluiu que as suas pernas nuas têm grande importância na termorregulação do corpo, sendo que quanto maior é a temperatura exterior, maior é a percentagem de calor interno libertado pelas pernas, face ao total de calor interno libertado pelo corpo da ave.
O estudo indica também que, para os indivíduos analisados, à temperatura ambiente de 35° C, quase todo o calor interno é dissipado através das pernas.

Por outro lado, estima-se que a perda de calor para a água seja cerca de 4 vezes superior à que é perdida para o ar, à mesma temperatura ambiente.

Assim, com este comportamento conseguem perdas grandes de calor por evaporação à medida que a água dos excrementos vai escorrendo pelas pernas, regulando a sua temperatura corporal.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Incesto e Consanguinidade

Olá a todos. Foi aqui levantado há uns dias o tema do incesto.
É muito escassa a informação existente sobre ocorrência de incesto em cegonhas brancas, o que é um indicador de que não é um hábito nesta espécie.

A reprodução entre parentes não é vantajosa, pois leva a perda de variabilidade genética na população. O que é que isto quer dizer? Tirando algumas excepções, os indivíduos são geneticamente diferentes entre si. Essa variabilidade genética que traz ligeiras diferenças físicas e fisiológicas entre indivíduos que faz com que, perante situações ambientais adversas haja indivíduos mais aptos que outros, mais capazes de sobreviver e de se reproduzirem.

Assim, quando há variações ambientais – por exemplo, vagas de anos mais quentes, ou épocas em que o alimento mais habitual não abunda, ou outras - populações com maior variabilidade genética tendem a resistir melhor pois têm mais probabilidade que dentro da composição genética da população existam combinações genéticas favoráveis.



Populações com níveis mais altos de consanguinidade, ou seja, com baixa variabilidade genética, – caso frequente em ilhas e regiões geograficamente muito isoladas e/ou populações com baixo número de indivíduos – têm menor probabilidade que dentro da composição genética da população existam combinações genéticas favoráveis e portanto, de sobreviverem e se reproduzirem sob condições ambientais adversas.

Há ainda outro problema relacionado com populações em que a reprodução entre parentes é frequente, como já foi referido por alguns de vós.
Com a reprodução, há recombinação genética e é normal que ao longo de gerações ocorram pequenas mutações genéticas. Parte dessas mutações é favorável, parte é desfavorável, parte não traz vantagens nem desvantagens.
Se numa população existirem altos níveis de consanguinidade, há maior concentração de certas mutações e com isso, maior probabilidade de se manifestarem doenças graves ou malformações, resultantes de mutações desfavoráveis.

Por isso é que, em termos de conservação da natureza, se tem que ter muito cuidado quando o número de indivíduos de uma população de uma espécie é drasticamente reduzido, pois se essa população estiver isolada de outras populações da mesma espécie, haverá muitos cruzamentos entre parentes, a variabilidade genética diminui e pode não ser o suficiente para garantir a sobrevivência da população.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Por que é que as espécies têm nomes comuns e nomes científicos?

Olá a todos. A questão levantada pelo Luis (Cascais) foca um tema ainda não abordado aqui. Por que é que as espécies têm nomes comuns e nomes científicos?

O Homem desde sempre precisou atribuir nomes às coisas para poder comunicar. Assim, relativamente aos animais, atribuiu-lhes nomes que facilmente os identificavam: os nomes comuns ou também chamados nomes vulgares das espécies.

Assim aconteceu que a mesma espécie assumiu por vezes, nomes diferentes em diferentes regiões, tal como o contrário também aconteceu: povos de diferentes pontos do mundo atribuíram o mesmo nome comum a espécies distintas. À medida que a comunicação entre povos foi aumentando, nomes que facilmente identificavam uma “espécie” começaram a confundir-se com os nomes de outras “espécies” de outros locais.



Para comunicar de forma mais exacta e sem ambiguidades, a comunidade científica precisou baptizar as espécies com um nome único e inequívoco, igual em qualquer parte do mundo. Assim surgiu o nome científico, propositadamente em latim por esta ser uma língua morta e que portanto já não evoluiria ao longo dos tempos – a forma correcta de o escrever é com o tipo de letra itálico (quando escrito à mão, deve ser sublinhado). Actualmente os cientistas esforçam-se por reunir consenso de forma a escolher 1 só nome científico válido para cada espécie.

Respondendo directamente à questão do Luis: nomes comuns traduzidos à letra acabam por não trazer garantias na identificação e a melhor forma é mesmo considerar só o nome científico da espécie.

Em Portugal Pandion haliaetus é conhecido por Águia-pesqueira ou Guincho e encontra-se criticamente ameaçada para o território nacional, embora tenha uma distribuição mundial ampla.

A espécie Haliaeetus albicilla, vulgarmente chamada de Águia-rabalva em Portugal, está dada como extinta para o nosso país pela IUCN (www.iucnredlist.org), o que significa que há muitos anos que não é vista por cá.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Jovens independentes

As ninhadas mais velhas estão praticamente independentes.

Os progenitores já regressam muitas vezes ao ninho sem elas, aproveitando para reforçar os laços entre o casal (matraqueando, catando-se e ajeitando a penugem mutuamente), agora que a tarefa está praticamente cumprida. Parece ser essa a situação no ninho da Renata.

Nesta fase, alguns juvenis exploram a região envolvente ao mesmo tempo que aperfeiçoam os seus métodos de caça.

Nos próximos tempos, boa parte dos progenitores e respectivas crias migrará para o continente africano, embora alguns possam continuar por cá, próximo de locais com maior abundância de alimento.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Resumo do dia

No ninho do Tobias uma das crias já exercita as asas elevando-se a alguns centímetros do ninho. No lar da Josefina os petizes já voam, juntando-se aos muitos outros rebentos que exploram os céus de Porto Alto e que seguem os pais para os locais de alimentação.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

As Pirilampas já voam!

Finalmente, as Pirilampas e uma Josefina deram o seu primeiro voo! O ninho das Pirilampas já se encontra vazio. Os céus do Porto Alto contam já com 27 juvenis de cegonha-branca que deram o seu primeiro voo com sucesso. Esperamos ainda pelo primeiro voo das Patuscas e de 2 Josefinas.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Peso corporal das crias

Uma curiosidade sobre o desenvolvimento das cegonhas: Apesar de todas as crias eclodirem com o mesmo peso corporal, a partir da segunda semana, as crias que nasceram primeiro atingem maior massa corporal que as que nasceram depois. Esta situação é devida, provavelmente, ao seu maior tamanho, que lhes dá uma vantagem competitiva sobre os irmãos, em particular nos momentos de alimentação.
Por outro lado, as crias macho crescem mais rápido que as crias fêmea e são mais pesadas.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Esclarecimentos

Não é fácil saber ao certo o que terá acontecido às cegonhas que já saíram do ninho e não regressaram. Sabemos que é relativamente comum que algumas saídas do ninho sejam mais atribuladas que outras, quer por um desequilíbrio ou pelo instinto que leva as crias a saltar para o voo quando assustadas, ao contrário do que acontece nas primeiras semanas de vida, quando ficam imóveis face a situações de perigo. Apesar de apresentarem uma plumagem completa, os músculos das asas das jovens cegonhas podem não estar ainda totalmente desenvolvidos, o que poderá dificultar o regresso aos inexperientes voadores, em particular em situações de primeiro voo não voluntário. Outra coisa a ter em conta é a variabilidade de cada indivíduo. Exemplo disso são os diferentes ninhos que temos seguido – nas Renatas as crias continuam a frequentar regularmente o local de nascimento, ao contrário dos Zacarias que já mal surgem no ninho. Tal como já referimos anteriormente, assinalamos que os progenitores continuam a alimentar as crias quando elas se encontram fora do ninho.

Onde pernoitam?!

As cegonhas pernoitam preferencialmente em poisos com boa visibilidade em seu redor, tais como árvores, postes e telhados.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sobre os Tobias

Aparentemente 1 das crias dos Tobias já não se encontra no ninho, o que parece indicar que terá partido do ninho mais cedo que os irmãos. A eclusão do primeiro ovo neste ninho deu-se no dia 17 de Maio, e fazendo as contas já passaram cerca de 57 dias. Portanto, o intervalo para a emancipação, que varia entre os 54 e os 68 dias de vida descrito na bibliografia, está dentro do normal para a espécie.

Os voos dos Malaquias

Esta manhã houve mais duas cegonhas jovens voando pelos ares do Porto Alto. Desta feita, foram as Malaquias que se ausentaram durante grande parte da manhã. Agora estão de volta ao ninho para um provável repouso na hora de maior calor. As próximas serão as Pirilampas?!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Resumo semanal

Durante esta semana, foi notória a menor utilização dos ninhos da Renata e Zacarias. O ninho Zacarias encontrou-se poucas vezes ocupado, pois provavelmente os juvenis estão com os pais nos locais de alimentação, sendo alimentados já fora do ninho. No início da semana, verificou-se até a invasão e roubo de material do ninho da Renata. Os juvenis dos ninhos Malaquias, Pirilampa e Josefina têm treinado bastante os seus voos. Aguardamos pelo momento em que se vão emancipar mais 9 crias dos casais que seguimos atentamente.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

7 de Julho de 2010

Em relação às nossas cegonhas, as crias do ninho do Tobias continuam a crescer rapidamente, sendo alimentadas várias vezes por dia. As Renatas continuam a frequentar o ninho, apesar de praticarem os seus voos, enquanto que as Zacarias já raramente se avistam no ninho. Os voos das Malaquias e Pirilampas também deverão estar para breve.

Curiosidade alentejana

Na zona de Castro Verde, no coração da planície alentejana, a escassez de locais para a construção de ninhos é uma evidência, sendo frequentes as colónias de cegonhas-brancas, garças-cinzentas, e garças-boieiras em grandes árvores dispersas pela planície. É também relativamente comum os ninhos de cegonhas-brancas serem a poucos metros do solo, em postes baixos, bidons, pivots de rega, fardos de palha ou telhados abandonados. Mas este ano foi observado um comportamento insólito para esta espécie, uma cegonha-branca a construir um ninho no solo!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Invasão e roubo no ninho da Renata

Olá a todos.
De facto ontem de manhã viveram-se momentos complicados no ninho da Renata.

Uma cegonha adulta, aproveitando que a família deixa o ninho vazio, pousa e rouba material. É provável que tenha o ninho muito perto, pois torna a voltar e a roubar mais material, várias vezes, em espaços de 2-3 minutos.
Num desses momentos em que se encontra no ninho, impede várias vezes que os donos deste pousem.

Aproveitando um momento em que o intruso se ausenta, um juvenil assenta no ninho impedindo que intruso retorne novamente e permitindo que os seus parentes pousem. Um dos seus irmãos, extenuado do vôo forçado demorado, aterra e mantém-se imóvel durante algum tempo. O irmão que reconquistou o ninho, parece preocupado com a imobilidade do irmão, mas passado alguns momentos este último recupera e tudo acaba bem. É possível ver o vídeo resumo em cegonhasnaweb.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Necessidades alimentares

Os intervalos de tempo entre alimentações fornecidas pelos progenitores são cada vez mais largos nos ninhos das Zacs e Renatas, visto que o período em que as necessidades alimentares são maiores se situa entre o 15º e o 45º dia.

As Zacs estão já com cerca de 80 dias de vida e as Renatas com cerca de 73 dias, aproximando-se o momento da independência.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Resumo do dia

Durante o dia de hoje os juvenis ausentaram-se várias vezes do ninho, para os seus treinos de vôo - estão cada vez mais peritos nas manobras, - mas regressaram para serem alimentados pelos progenitores.